Estudo de campo mostra que óleos essenciais podem acalmar bebês

22/12/2017 às 13:55 – por Mariana Salles

Devido à vida agitada e à falta de tempo dos pais, os bebês acabam recebendo também essa carga de agitação e estresse, tornando-se mais agitados do que o normal. Esse comportamento agitado pode ser percebido em um estudo realizado pela aromaterapeuta e fonoaudióloga especialista em Audiologia Ocupacional, Sonia Mara Niederauer Abaunza, no momento do teste da orelhinha, exame feito no bebê logo ao nascer para verificar se a criança possui problemas auditivos.

No estudo, Sonia utilizou a aromaterapia como uma forma de amenizar essa agitação. Para isso, foram aplicados óleos essenciais, que são compostos aromáticos extraídos de plantas aromáticas e que possuem propriedades curativas. Assim, foi possível verificar quais são os que mais deixaram as crianças calmas no momento do teste da orelhinha no Hospital Pró Vida, que fica em Dois Vizinhos – PR.

TESTE DA ORELHINHA

O teste da orelhinha é um exame feito no bebê logo ao nascer, e é imprescindível para todos os bebês, principalmente para aqueles que nascem com algum tipo de problema auditivo. O teste é realizado com o bebê dormindo, em sono natural e é indolor, não precisa de picadas ou sangue do bebê, não tem contraindicações e dura em torno de 10 minutos.

“Em bebês normais, a surdez varia de 1 a 3 crianças em cada 1.000 nascimentos. Já em bebês de UTI Neonatal esse número varia de 2 a 6 em cada 1.000 recém-nascidos. A deficiência auditiva é a doença mais frequente encontrada no período quando comparada a outras patologias. Portanto, o Teste da Orelhinha é algo fundamental ao bebê, já que os problemas auditivos afetam a qualidade de vida da criança, interferindo no processo da fala, entre muitas outras coisas. No entanto, a avaliação Auditiva Neonatal limitada aos bebês de risco é capaz de identificar apenas 50% dos bebês com perda auditiva.

A fonoaudióloga explica que, embora o teste seja indolor, percebe-se uma agitação nos bebês no momento do exame. Assim, como forma de amenizar esse comportamento agitado, ela buscou testar a eficácia da aromaterapia através do uso de óleos essenciais.

ÓLEOS ESSENCIAIS
Desde há muitos séculos, os óleos essenciais são explorados, ainda que hoje não se tenha completamente documentado o início exato. Acredita-se que os primeiros usos primitivos tenham sido através de bálsamos, ervas aromáticas e resinas que eram usadas para embalsamar cadáveres em cerimônias religiosas há milhares de anos atrás. Também há relatos do uso de essências em 2700 A.C pelos chineses.

Sonia conta que estudos vêm comprovando a eficácia dos óleos essenciais, principalmente no nível emocional. Um estudo realizado na Tailândia, por exemplo, comprou que o uso do óleo essencial de jasmim é capaz de manter o estado de ânimo e humor, bem como aliviar a depressão nos seres humanos. “A importância do tratamento da parte emocional está no fato de que o problema psíquico reflete no corpo, causando as chamadas doenças psicossomáticas, dentre as quais, várias doenças de pele. Isso foi constatado em um estudo realizado na Santa Casa de Berlim, em que submeteram camundongos, que possuíam uma espécie de alergia, a um barulho estressante. Ao final do experimento, os pesquisadores constataram o agravo dos sintomas da doença, ressaltando, assim, a importância da manutenção do estado de ânimo e humor para evitar sintomas e doenças”, explica a especialista.

No Brasil, grande exportador deóleos essenciais, percebe-se um aumento na aceitação e no uso da aromaterapia, não apenas por adultos, como em bebês, no tratamento terapêutico do físico e, mais ainda, no contexto psicológico.

Sonia diz que o uso dos óleos essenciais em bebês pode se mostrar ainda mais eficaz se considerarmos a sensibilidade que eles possuem em todos os aspectos, como o tato, o olfato e também o paladar. “Portanto, fazer uso desses óleos no recém-nascido certamente fará grande diferença no comportamento da criança”, acredita.

RELATO DO TRABALHO DE CAMPO

O estudo ocorreu de março de 2016 a maio de 2017 no hospital Pró Vida, situado na cidade de Dois Vizinhos, PR. Ao todo, 355 bebês participaram do estudo. Os bebês foram classificados em aprovados – que foram aqueles em que o teste foi aplicado satisfatoriamente e, portanto, passaram – e os reprovados – quando o bebê, por estar muito agitado, impossibilitou a aplicação do teste.

Os óleos essenciais utilizados individualmente durante o estudo foram Lavanda, Gerânio, Capim limão (Lemongrass), Laranja doce, Lima da Pérsia, Rosa Damascena,Gerânio Bourbon, Camomila romana, Espruce branco, Espruce negro e Verbena Índia. As combinações de óleos utilizados foram Lavanda com Laranja doce, Pera da Pérsia com Rosa Damascena e Espruce negro com Mandarina.

CONCLUSÃO

Durante o trabalho de campo, um pouco mais de um ano, foi contabilizado um total de 344 atendimentos. Para a análise, considerou-se apenas o número de aprovados, 213 bebês, 62% do total.

A primeira conclusão a que se chega é que os bebês hoje em dia parecem mais agitados em comparação a anos atrás, o que dificulta muito o trabalho de aplicação do teste da orelhinha. No entanto Sônia diz que, “no geral, embora quase sempre as crianças se mostrassem agitadas, a utilização dos óleos essenciais parece tê-las acalmado em algum momento do teste”.

A combinação dos óleos de Lavanda com Laranja doce foi a que obteve maior percentual de aprovação nos testes (81%), seguido do óleo de Laranja doce (75%) e Camomila romana (72%). Os demais óleos também mostraram-se eficazes, com percentual acima de 50%, com exceção do óleo de Gerânio (46%).

Por fim, considerando-se que a calma dos bebês na hora do teste é muito importante para que o mesmo seja feito, e levando em conta que 62% do total de bebês atendidos foram aprovados, a médica considera positiva a utilização dos óleos essenciais para acalmar os bebês e conduzir o teste de modo satisfatório.

Esta matéria é uma réplica da mesma publicada no portal Diário do sudoeste. Acesse aqui.

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