Hidrolatos – o que são e quais as diferenças entre eles e os OE’s?
O termo hidrolato é formado por duas palavras de origem latina: hydro (água) e lactis (leite ou líquido leitoso, parecido com o leite). Durante a destilação de uma planta aromática, dois produtos podem ser obtidos: o óleo essencial, que normalmente flutua no topo ou (às vezes) afunda na água resultante da destilação; e a própria água, que passou pelas plantas na forma de vapor, arrastou consigo as moléculas aromáticas e se condensou novamente na fase líquida, agora com aparência levemente turva, sendo chamada de hidrolato, hidrossol ou água floral.
O Hidrolato foi o principal tipo de extrato aromático destilado desde os primeiros tempos até o início do século XIX. Acreditava-se que essas águas aromáticas incorporavam a essência vital da planta destilada e, portanto, eram valorizadas por seus efeitos terapêuticos e embelezadores acima de qualquer outra preparação vegetal. Para alguns alquimistas, inclusive, o óleo essencial era considerado secundário ao próprio hidrolato, um mero subproduto do processo. Os hidrolatos eram, portanto, a forma de preparação mais amplamente utilizada na medicina fitoterápica ou galênica (HOLMES, 2016, p. 30).
Há registros de que os hidrolatos eram utilizados desde os tempos remotos, antes mesmo do surgimento da medicina ocidental. Eles são mencionados em textos sumérios, babilônios e cretenses. Resumindo, após infusões e decocções, os hidrolatos representam o tipo mais antigo de preparação fitoterápica comumente usado no Ocidente. Nas cortes, era comum ter uma reserva de hidrolatos especiais. O rei Henrique VIII da Inglaterra, por exemplo, tinha em sua destilaria farmacêutica pessoal cerca de 29 tipos de “águas aromáticas”, embora, infelizmente, elas nunca tenham sido nomeadas. Até hoje, em muitos países ao redor do Mediterrâneo, os hidrolatos ainda são preparados de forma caseira, em alambiques de cobre tradicionais (HOLMES, 2016, p. 30).
Dentre as vantagens dos hidrolatos, podemos citar:
- são relativamente fáceis de preparar, por destilação ou hidrodestilação;
- é necessário uma quantidade menor de matéria-prima (plantas aromáticas) para sua obtenção;
- apresentam menor custo em relação aos óleos essenciais;
- apresentam aroma bem mais suave que os óleos essenciais, e algumas vezes diferente do aroma da planta do qual foi extraído, pois ao inalarmos uma planta, detectamos as moléculas voláteis e no hidrolato, sentimos o aroma das moléculas hidrossolúveis;
- são muito seguros para uso tópico e interno;
- podem ser utilizados em todas as fases de vida;
- são seguros para pets e plantas;
- podem ser úteis tanto para fins terapêuticos, quanto para o uso por prazer.
Os hidrolatos podem ser utilizados em práticas terapêuticas, na culinária, nos cuidados pessoais e tratamentos de pele, entre outros. Podem ser usados com segurança por pessoas de todas as idades e até mesmo pets, sem restrições, enquanto os óleos essenciais requerem uma utilização mais criteriosa, muitas vezes em pequenas quantidades, preferencialmente diluídos na forma adequada para cada fase de vida.
Os hidrolatos são compostos basicamente de água, logo, seu caráter é hidrofílico (tem afinidade por moléculas de água) e possuem apenas uma pequena concentração de moléculas aromáticas voláteis, que são lipofílicas (tem afinidade por gordura). Dependendo da solubilidade das moléculas presentes nas plantas e do método de destilação utilizado, os hidrolatos podem apresentar de 0,005 a 0,2ml de óleo essencial por litro de hidrolato, ou seja, uma concentração extremamente baixa. Por outro lado, em sua composição química, o hidrolato possui outros componentes que não estão presentes no óleo essencial: os componentes hidrossolúveis (CATTY, 2020, p. 52).
Dessa forma, não há possibilidade de produzir o seu próprio hidrolato em casa, apenas misturando óleo essencial e água. A água obtida através da destilação dos óleos essenciais tem um caráter mais elaborado, semelhante às substâncias que são obtidas a partir de uma decocção ou infusão (tipos de preparação de chá) de plantas aromáticas, porém com o acréscimo das gotas aromáticas em delicadas concentrações. Além disso, o pH dos hidrolatos tem uma ampla variação – entre 2,9 (mínimo) e 6,5 (máximo), caracterizando-os como substâncias ácidas. Os óleos essenciais têm um pH que varia entre 5 e 5,8 substâncias menos ácidas. Existem diversos benefícios proporcionados por essas “águas ácidas” e que não são encontrados na simples mistura entre água comum ou destilada e óleos essenciais (CATTY, 2020, p. 52).
Alguns cuidados devem ser tomados na hora de adquirir o seu hidrolato:
- eles devem ser obtidos de uma única planta com identificação botânica correta, com nome científico completo;
- preferencialmente, devem ser de origem orgânica e certificada ou, pelo menos, livre de agrotóxicos;
- como ingredientes, devem constar apenas o extrato aquoso da planta, por exemplo: Hidrolato de Lavanda dentata – Lavandula dentata flower water;
Alguns cuidados devem ser tomados na hora de armazenar o seu hidrolato:
- devem estar armazenados em frasco escuro (âmbar, cobalto ou verde) para evitar a oxidação (assim como os óleos essenciais);
- de preferência, devem ter um borrifador spray, para evitar contato do conteúdo do frasco com sujidades externas;
- se possível, após abertos, armazene seus frascos na geladeira, para prolongar seu prazo de validade.