Olfato: o sentido esquecido

Poucas coisas ou eventos impactam a psiquê humana tão profundamente evocando as mais remotas memórias como os cheiros. Um aroma pode nos levar de volta à infância, ao dia do casamento, à morte de um ente querido, à lembrança do primeiro namorado, ou seja, pode nos envolver em estados emocionais de tristeza, alegria ou qualquer outra emoção. Hoje falaremos do olfato, o sentido esquecido, mas fundamental para o nosso bem-estar.

Os aromas evocam memórias antigas e fazem o passado tornar-se presente como nenhum outro sentido.
Acredita-se que a sensibilidade aos aromas é influenciada pela cultura. Uma fragrância pode ser codificada como normal, aceitável, prazeirosa para uns e não para outros. As pessoas podem expressar respostas emocionais diferentes para um mesmo aroma. O cheiro de peixe agrada aos habitantes de uma ilha, lembrando-os da infância, da conexão com o meio em que vivem, mas pode ser totalmente rejeitado por habitantes do interior do continente sem a vivência e o contato com o litoral.
Diversas pesquisas envolvendo o olfato vêm sendo realizadas em várias partes do mundo. Uma experiência foi realizada utilizando o aroma de baunilha com pessoas do ocidente e com japosenes. Os ocidentais, ao sentirem o aroma de baunilha, relaxaram e alegraram-se, sentiram-se em casa lembrando do bolo da vovó, do creminho da mamãe. Já os japoneses, não experienciaram nenhuma resposta significativa a este aroma pois a baunilha não é um condimento utilizado na culinária japonesa, não remetendo assim a nenhuma lembrança.
Susan Schiffman, psicóloga e professora da Universidade de Duke na Carolina do Norte, apresentou em um estudo o mesmo aroma para pessoas de culturas diferentes. A reação das pessoas a esses cheiros foram as mais variadas, constatando-se que emoções individuais associadas com um determinado cheiro podem mudar a percepção do que se experiencia.
Especula-se que a exposição a cheiros não usuais pode promover a tolerância. A partir deste estudo, ela sugere que crianças sejam propositalmente expostas a cheiros multiculturais para acostumarem-se a aromas que lhes sejam inusitados, não usuais em suas culturas, para tornarem-se adultos mais abertos, tolerantes e pacíficos.
O olfato é a nossa comunicação mais direta com a natureza. Apesar de não conscientes, monitoramos o mundo a nossa volta através dos cheiros.
“Cheiros” o olfato não é apenas biologicamente o mais antigo de todos os sentidos, é também o mais evocativo. Penetra mais profundo que os pensamentos conscientes, que a organização da memória e têm vontade própria, a qual a imaginação humana é compelida a obedecer.” (Laurans Van Der Post, apud Keville & green, 2009).
Sabe-se que memórias evocam emoções e que estas desencadeiam liberações hormonais. Há dados demonstrando que emoções positivas liberam hormônios de prazer e que emoções negativas liberam hormônios do stress. A aromaterapia pode ser utilizada para equilibrar a psiquê humana criando ambientes evocativos de boas memórias, fortalecendo o organismo através de estímulo do sistema imunológico com bons hormônios. Pode-se ainda evocar memórias traumáticas com aromas para o resgate de traumas e experiências negativas, porém, esta prática dentro da aromaterapia deve ser utilizada apenas por profissionais com especialização e conhecimento em psicologia.
Normalmente, na aromaterapia trabalha-se com aromas que são reconhecidos como prazeirosos pelo cérebro límbico. Entretanto, alguns autores afirmam que, mesmo sem a evocação de lembranças, os aromas induzem também o sistema endócrino a liberar hormônios devido à especificidade eletroquímica das moléculas aromáticas. De acordo com Tisserant (1993), o aroma excitante do grapefruit e da sálvia sclarea estimulam o tálamo a secretar encefalinas (analgésicos naturais) induzindo o corpo a sentir uma sensação de bem-estar geral. O aroma afrodisíaco do ylang-ylang estimula a glândula pituitária a secretar endorfina e outros hormônios na corrente sanguínea, que regularão outras glândulas como a tireóide e as suprarenais. Acredita-se também que o aroma sedativo da manjerona estimula o sistema límbico desencadeando a secreção e a liberação de serotonina, hormônios antidepressivos que auxiliam entre outras coisas, na regulação do sono.
Para compreender como a aromaterapia funciona e os efeitos dos OE, deve-se ter uma noção de dois processos fisiológicos básicos: o funcionamento do sistema olfatório e a absorção das moléculas dos OE pelo organismo. Para entender melhor do assunto, leia nosso artigo O sistema olfatório e a Aromaterapia.
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